sábado, 22 de junho de 2013

Deputados Evangélicos a favor da PEC 37

Deputados Evangélicos " SEM fome e sede de justiça"? Conheça os ungidos favoráveis a PEC 37




REDAÇÃO

As manifestações recentes, que começaram pela redução no preço da passagem de ônibus da capital paulista, se estenderam contra um sem número de injustiças a que nós, brasileiros, estamos submetidos. No meio da caixa de pandora da nossa política, um assunto merece atenção especial: A tal PEC 37, apelida de “PEC da Impunidade”.

A proposta simplesmente tira o poder de investigação criminal do Ministério Público. Ou seja, se aprovada, todas as investigações no Brasil passariam a ser exclusividade das polícias. A iniciativa praticamente inviabiliza investigações de corrupção, desvio de verbas e abuso por parte de autoridades. Excelente pra políticos corruptos de plantão. Péssimo pra sociedade.

Mas, felizmente, temos uma bancada evangélica enorme no Congresso, que vai levantar a sua voz e pôr limites a esse absurdo. Certo? Errado! O Genizah, só por curiosidade, quis saber quem eram os notáveis parlamentares que assinaram essa medida, declarando-se favoráveis a ela. E qual não foi a nossa surpresa ao descobrir que havia nada menos que 26 “evangélicos” por lá, entre os signatários, sem contar o próprio Dep. Fed. Lourival Mendes - PTB-MA, autor da nefasta PEC, evangélico da Ig. Batista Nacional em São Luís e tesoureiro da Frente Parlamentar Evangélica (http://www.fpebrasil.com.br/).

Surpreso? Nem tanto! - provoca o blogueiro Danilo Fernandes, "A agenda da bancada evangélica não reflete as prioridades do Reino de Deus e este projeto, em particular, abre uma avenida larga para o livre trânsito da impunidade. Em breve, até cachorro vai precisar de autorização para farejar."

O perfil de interesses da bancada evangélica causa estranheza, diante do que se espera de um povo com "fome e sede de justiça". A agenda da maioria dos parlamentares evangélicos parece mesmo trancada por questões relacionadas à moral e aos bons costumes, em especial à sexualidade alheia. “São raras as proposições objetivando o bem comum, a defesa do oprimido, o auxílio aos desvalidos e a causa dos injustiçados. O que se vê são propostas cavando vantagens corporativas para os exploradores da indústria religiosa, além da manutenção desta guerra contra as lideranças dos gays, que só serve para garantir as eleições dos representantes dos dois lados contendores. É a ortopraxia dos esquizofrênicos. ” Alfineta Fernandes.

O juiz federal, professor e escritor William Douglas também se declara contra a PEC 37. "O combate à impunidade se faz fortalecendo órgãos de controle (MP, PF, CGU, TCU, TCE, TCM...), não manietando-os. Em um país com tanta corrupção no governo e tanto tráfico de influência, concentrar á fiscalização facilita a pressão contra investigações. A base teórica da PEC até tem algum sentido, mas seu resultado prático será nefasto, um retrocesso, um desserviço ao país".

Douglas, que é evangélico, acrescenta: "a mensagem bíblica sempre foi de proclamação contra a injustiça, a corrupção e a exploração do homem pelo homem. Logo, entendo que todo cristão deve sempre escolher caminhos - políticos, jurídicos, comportamentais - que contribuam para a justiça social".

Para o pastor Ariovaldo Ramos, constatar que tantos parlamentares cristãos apoiam este projeto é lamentável. "Fome e sede de justiça é marca cristã. Não há como entender cristãos que votem contra a justiça.O profeta disse que a justiça deveria correr como um rio!"

 Recuo temporário diante do clamor das ruas


A refutação da PEC 37 está entre as reivindicações com mais destaque nos cartazes dos protestos destes dias inesquecíveis de junho. "O povo se levantou para cuspir todos os dromedários atravessados em sua garganta há décadas. Alguns dos quais empurrados goela a dentro por aqueles que dizem representar os interesses do reino de Deus. Estes, insurgem-se contra o direito alheio, inclusive dos gays e cia., mas não se insurgem contra algo tão esdrúxulo como a PEC 37"; constatou o bispo Hermes C. Fernandes da Igreja Reina. "Quem os julgará serão as próximas gerações e todos os santos que os antecederam e lutaram por um mundo mais justo.  Sua agenda está em dissonância com os valores do reino, e afinada de acordo com o diapasão dos mais escusos interesses. Nada há oculto que não seja revelado! é o recado de Deus para eles"; completa o bispo.

Diante dos últimos protestos, a Câmara Federal está tentando evitar o desgaste e desmarcou a votação da tal PEC, que estava agendada para o próximo dia 26/6. Mas, não se iludam, o projeto continua em pauta e deve ir a plenário em breve.

Com o projeto, o Ministério Público, criado pela Constituição de 1988 como instituição independente (e, por isso mesmo, sempre à frente de investigações em grandes escândalos de corrupção e também de abusos cometidos por agentes públicos ou violações de Direitos Humanos), teria os seus poderes de investigação limitados.

A PEC 37 também pode impedir que outras instituições continuem com suas investigações, como, por exemplo, a Receita Federal, o Tribunal de Contas da União, as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). Todos órgãos e instâncias que, atualmente, estão entre os principais responsáveis por rastrear o dinheiro de criminosos e fazer com que esse recurso volte aos cofres públicos.

Em quase todos os países do mundo, nos mais diversos sistemas políticos e judiciais, o Ministério Público atua em investigações, de maneira independente, como é hoje no Brasil. A PEC 37 quer fazer com que o nosso país adote um sistema que existe hoje somente em três países do mundo: Indonésia, Quênia e Uganda.

Desde que a luta contra a PEC 37 começou, dezenas de deputados ouviram o clamor das ruas e declararam abertamente que votarão contra. Alguns, inclusive, mudaram de ideia ao longo do processo e, hoje, passaram para o lado do povo.

Porém, esses parlamentares evangélicos parecem estar tão preocupados com temas morais que a corrupção, pra eles, deixou de ser problema (será que virou solução?). Veja, abaixo, quem são os deputados evangélicos que precisam ser convencidos de que a população é contra essa medida.






DEPUTADOS EVANGÉLICOS A FAVOR DA PEC 137








Use o link a seguir para consultar a lista completa de deputado favoráveis a PEC 37 e ache o seu "deputado evangélico" na lista da vergonha: (http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=0AC4AB5F7389B04AB4C0774466FC4EFE.node1?codteor=886679&filename=Tramitacao-PEC+37%2F2011)



*com informações do site da Câmara Federal.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A Verdade sobre a "cura gay"

Você lerá que comissão aprovou “projeto de cura gay”. É uma falsa notícia e aqui se explica por quê
Nem tudo se resume à minoria na rua. Há outros assuntos em pauta no país. O blog recebeu ontem quase 300 mil visitas. É provável que alguns novos leitores acabem tomando gosto pela página. Nem todos conhecem os debates travados aqui. Pois bem: nos jornais desta quarta, vocês encontrarão o que já está nos sites e portais. Algo mais ou menos assim: “Comissão de Feliciano aprova projeto da cura gay”. É mentira dupla! Em primeiro lugar, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara não pertence ao deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Em segundo lugar, não existe projeto que prevê a cura gay. Isso é uma fantasia do jornalismo militante. Semelhante àquela que sustenta que o Estatuto do Nascituro é “Bolsa Estupro”. Tenho 51 anos. Quando eu tinha 20 e poucos, 30 e poucos e, acreditem, até 40 e poucos, era proibido fazer militância política em redação. Cada um que tivesse as suas convicções, mas o compromisso tinha de ser com o fato, segundo valores, a saber: defesa da democracia, do estado de direito, da economia de mercado. Era proibido, por exemplo, mentir , simplificar ou trapacear em nome do bem da humanidade. Jornalista reporta o que vê — e alguns opinam. Mas sem inventar o que não existe num caso ou noutro.
Ao fato mais recente: a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara aprovou um Projeto de Decreto Legislativo, do deputado João Campos (PSDB-GO), que susta dois trechos de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia. O texto ainda tem de passar pelas comissões de Seguridade Social e de Constituição e Justiça. Se alguém não conhece detalhes do debate — geralmente ignorados porque fica mais fácil fazer proselitismo onde há ignorância, especialmente a bem intencionada — explico tudo abaixo, nos mínimos detalhes, conforme fiz, por exemplo, no dia 2 de maio. Vamos ver.
O Projeto de Decreto Legislativo 234/11 torna sem efeito o trecho do Artigo 3º e todo o Artigo 4º da Resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia.

Então vamos aos documentos. A íntegra do Projeto de Decreto Legislativo estáaqui, com a justificativa. Reproduzo a parte propositiva em azul.
Art. 1º Este Decreto Legislativo susta o parágrafo único do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999.
Art. 2º Fica sustada a aplicação do Parágrafo único do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.
Art. 3º Este decreto legislativo entra em vigor na data de sua publicação.
Então é preciso fazer o que virou raridade nas redações quando os lobbies “do bem” ditam a pauta; saber, afinal, que diabo dizem os trechos que seriam sustados.
“Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”
Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
Comento
Atenção! A proposta de Decreto Legislativo não toca no caput do Artigo 3º.Ele seria mantido intocado. Como deixa claro o projeto do deputado, seriam suprimidos apenas o Parágrafo Único do Artigo 3º e o Artigo 4º.  Como se nota, ao suprimir esses dois trechos da Resolução 1/99, o Projeto de Decreto Legislativo não passa a tratar a homossexualidade como uma doença. É mentira! Também não autoriza a “cura gay”. É outra mentira! São distorções absurdas!
Fato, não militância
Procederei a algumas considerações prévias, até que chegue ao cerne da questão. Avalio que a homossexualidade não tem cura pela simples razão de que não a considero uma doença. E nisso concordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) e com o Conselho Federal de Psicologia. Assim, não acredito em terapias que possam converter héteros em gays ou gays em héteros (não se tem notícia de que alguém tenha buscado tal conversão). Mais: sexualidade não é uma opção — se fosse, a esmagadora maioria escolheria o caminho da maior aceitação social, e, nessa hipótese, as escolhas poderiam até ir mudando ao longo do tempo, à medida que determinadas práticas passassem a ser mais aceitas ou menos.
Há quem só goste de um brinquedo; há quem só goste do outro; e há quem goste dos dois. Essa minha opinião não é nova — o arquivo está aí. Os espadachins da reputação alheia, como escreveu Balzac, fazem questão de ignorá-la porque gostam de inventar inimigos imaginários para posar de mártires. Muito bem. Até aqui, não haveria por que os gays — ou o que chamo “sindicalismo gay” — estrilar. Mas é evidente que não pensamos a mesma coisa. Entre outras divergências, está o tal PLC 122 que criminaliza a chamada “homofobia”. Trata-se de um delírio autoritário. Já escrevi muito a respeito e não entrarei em detalhes agora para não desviar o foco.
Vamos lá. Desde 22 de março de 1999, está em vigência a tal Resolução 1 (íntegra aqui), que cria óbices à atuação de psicólogos na relação com pacientes gays. Traz uma porção de “considerandos”, com os quais concordo (em azul), e depois as resoluções propriamente. Listo os ditos-cujos:
CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional da saúde;
CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade;
CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade;
CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão;
CONSIDERANDO que há, na sociedade, uma inquietação em torno de práticas sexuais desviantes da norma estabelecida sócio-culturalmente;
CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações
Aí vem o conteúdo da resolução. O caput do Artigo 3º, com o qual ninguém mexe, é correto. Reproduzo:
“Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”
Está claro, então, que os psicólogos não atuarão para favorecer a patologização da homossexualidade nem efetuarão tratamentos coercitivos. E a parte que cairia? Pois é…Transcrevo outra vez (em vermelho e em destaque):
Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.
Têm de cair mesmo!
Qual é o principal problema desses óbices? Cria-se um “padrão” não definido na relação entre o psicólogo e a homossexualidade. Esses dois trechos são tão estupidamente subjetivos que se torna possível enquadrar um profissional — e puni-lo — com base no simples achismo, na mera opinião de um eventual adversário. Abrem-se as portas para a caça às bruxas. Digam-me cá: um psicólogo que resolvesse, sei lá, recomendar a abstinência sexual a um compulsivo (homo ou hétero) como forma de livrá-lo da infelicidade — já que as compulsões, segundo sei, tornam infelizes as pessoas —, poderia ou não ser enquadrado nesse texto? Um adversário intelectual não poderia acusá-lo de estar propondo “a cura”? Podemos ir mais longe: não se conhecem — ou o Conselho Federal já descobriu e não contou pra ninguém? — as causas da homossexualidade. Se um profissional chega a uma determinada terapia que homossexuais, voluntariamente, queiram experimentar, será o conselho a impedir? Com base em que evidência científica?
Há uma diferença entre “verdade” e “consenso da maioria influente”. Ademais, parece-me evidente que proibir um profissional de emitir uma opinião valorativa constitui uma óbvia infração constitucional. Questões ligadas a comportamento não são um teorema de Pitágoras. Quem é que tem o “a²= b²+c²” da homossexualidade? A resolução é obviamente autoritária e própria de um tempo em que se impõe a censura em nome do bem.
Ora, imaginem se um conselho de “físicos” ousaria impedir os cientistas de tentar contestar a relatividade. O que vai ali não é postura científica, mas ideologia. Se conceitos com sólida reputação de verdade, testados empiricamente, podem ser submetidos a um teste de estresse intelectual, por que não considerações que dizem respeito a valores humanos? Tenham paciência! O fato de eu não endossar determinadas hipóteses ou especulações não me dá o direito de proibir quem queira fazê-lo.
Fiz uma pesquisa antes de escrever esse texto. Não encontrei evidências de resolução parecida em nenhum lugar do mundo. O governo da Califórnia, nos EUA, proibiu a terapia forçada de “cura” da homossexualidade em adolescentes. É coisa muito diferente do que fez o conselho no Brasil. Países que prezam a liberdade de expressão e que não querem usar o discurso da liberdade para solapar a própria liberdade não se dão a desfrutes dessa natureza.
Então vamos lá. Eu não estou defendendo terapias de cura da homossexualidade. Eu não acredito que haja cura para o que não vejo como doença. Também não acho que estamos no universo das escolhas. Dito isso, parece-me uma suma arrogância que um conselho profissional interfira nessa medida na atividade clínica dos profissionais e, atenção!, dos pacientes também! Assim, no mérito, não vejo nada de despropositado na proposta do deputado João Campos. Ao contrário: acho que ela derruba o que há de obviamente autoritário e, entendo, inconstitucional na resolução porque decidiu invadir também o território da liberdade de expressão, garantido pelo Artigo V da Constituição.
É preciso saber ler.
Proponho aqui um exercício aos meus colegas jornalistas. Imaginem um Conselho Federal de Jornalismo que emitisse a seguinte resolução, com poder para cassar o seu registro profissional:
“Os jornalistas não colaborarão com eventos e serviços que proponham qualquer forma de discriminação social”.
“Os jornalistas não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos contra pobres, negros, homossexuais, índios, mulheres, portadores de necessidades especiais, idosos, movimentos sociais e trabalhadores”
O idiota profissional diria: “Ah, está muito bem para mim! Eu não faria nada disso mesmo!”. Não, bobalhão, está tudo errado! Você se entregaria a uma “corte” de juízes que definiria, por sua própria conta, o que seria e o que não seria preconceito. Entendeu ou preciso pegar na mãozinha para ajudar a fazer o desenho? O problema daquele Parágrafo Único do Artigo 3º e do Artigo 4º é o subjetivismo. Ninguém pode ser obrigado, não numa democracia, a se submeter a um tribunal que pode dar a sentença máxima com base nos… próprios preconceitos.
Nem nos seus delírios mais autoritários ocorreria a um conselho profissional nos EUA, por exemplo, interferir dessa maneira na relação do psicólogo com o seu paciente. Uma coisa é afirmar, e está correto, que a homossexualidade não é doença; outra, distinta, é querer impedir que o profissional e quem o procura estabeleçam uma relação terapêutica que pode, sei lá, disciplinar um comportamento sexual sem que isso seja, necessariamente, uma “cura”.
Os tais trechos da resolução, entendo, são mesmo autoritários e inconstitucionais. E têm de cair. E o que parece, isto sim, não ter cura é a vocação de amplos setores da imprensa para a distorção. Cada vez mais, a notícia se transforma num instrumento para privilegiar “os bons” e satanizar “os maus”. Isso é militância política, não jornalismo.

Por Reinaldo Azevedo / Blog do Reinaldo Azevedo.

terça-feira, 11 de junho de 2013

ANAJURE Repudia CNJ

ANAJURE critica resolução do CNJ que obriga cartórios a celebrar casamento gay

Os funcionários cristãos poderão procurar a entidade se não concordarem com a ordem.
por Leiliane Roberta Lopes

ANAJURE critica resolução do CNJ que obriga cartórios a celebrar casamento gayANAJURE critica resolução do CNJ que obriga cartórios a celebrar casamento gay
Por meio de uma carta aberta, a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) repudia a aprovação da resolução nº 175/2013 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que obriga os cartórios de todo o país a celebrar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
O texto assinado pelo Dr. Uziel Santana, presidente da associação, foi endossado pelo Conselho Deliberativo Nacional (CDN) e afirma que os funcionários dos cartórios podem se valer do princípio de objeção de consciência, que é um direito fundamental.
A ANAJURE se oferece para prestar assistência jurídica aos servidores e funcionários dos cartórios que sejam cristãos e não aceitam se submeter ao regulamento.
“Quem não estiver de acordo com a celebração de casamento de pessoas do mesmo sexo e que não queira ser partícipe desse ato administrativo pode declinar, alegando objeção de consciência, não só por ser tal atitude fundada no direito constitucional, mas também pela flagrante inconstitucionalidade da medida, como explicamos no nosso parecer”, disse Santana.
A Associação de Juristas Evangélicos afirma que as últimas decisões do Supremo Tribunal Federal têm usurpado a função do Legislativo, lembrando que “o judiciário só pode intervir em casos excepcionais”.
“O STF não pode fazer mutações na constituição com implicações de ordem legiferante. Isso é uma clara usurpação da função do Poder Legislativo. É o que denominamos academicamente de judicialização do poder constituinte originário”, esclareceu.
Publicado no GospelPrime.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Distorção...

Evangélicos na praça – Título de texto de reportagem do Estadão Online traz conteúdo que não está na reportagem e que, parece-me, distorce os fatos


O Estadão Online publicou às 19h33 um texto sobre a manifestação de evangélicos ocorrida nesta quarta em Brasília, que reuniu milhares de pessoas — 40 mil segundo a Polícia Militar; 70 mil segundo os organizadores. O palco tinha uma imagem de fundo com a pauta da concentração. O primeiro item era a liberdade de expressão — e, sim!, também se fez a defesa da “família tradicional”, o que quer dizer um “não” ao casamento gay. E também se falou em defesa da vida — isto é, contra o aborto. Os cristãos também se manifestaram em defesa da liberdade religiosa, que pode, sim, ser ameaçada pela PLC 122 se aprovada. Não é questão de gosto ou de achismo, mas de fato.
Às 19h33, o Estadão Online publicou um texto a respeito, de autoria de Eduardo Bresciani. O título é este: “Em ato contra gays, Silas Malafaia diz que união homoafetiva é crime”. Há uma diferença entre fazer um “ato contra gays” e um ato contra a pauta que inclui o casamento gay. E não se trata de mera retórica. Justiça se faça ao texto, essa distorção está no título da reportagem, não no texto. Não dá para atribuir ao repórter. Há coisa ainda mais estranha.
Procurei no texto de Bresciani a fala de Malafaia que chama de “crime” a união homoafetiva. Não achei. Se o pastor falou mesmo isso, o repórter não registrou na reportagem. Por alguma razão, foi parar no título. O que li no texto é outra coisa: o líder religioso rejeita, e está certo, o que chama “crime de opinião”.
Leiam o texto do Estadão e comparem com que vai no título. Leiam a reportagem e procurem a fala do pastor que chama a união homoafetiva de crime. Não vão encontrar.
*
Por Eduardo Bresciani:
Milhares de evangélicos participaram nesta quarta-feira, 5, de uma manifestação em Brasília, convocada por pastores e liderada por Silas Malafaia, em defesa da liberdade religiosa. Pastores e políticos fizeram ataques ao movimento LGBT, ao governo federal e ao poder Judiciário.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que estimativa era de um público de 40 mil pessoas. A organização estimou em 70 mil o número de presentes e informou ter gasto R$ 500 mil na realização do evento, incluindo propagandas televisivas convocando o público. A Associação Vitória em Cristo arcou com os custos.
Principal organizador do evento, o pastor Silas Malafaia foi quem falou por mais tempo e fez o discurso com mais ataques aos “adversários” dos evangélicos. Ele começou com diversas críticas ao que chamou de “ativismo gay”, em referência ao movimento LGBT.
“O crime de opinião foi extinto e o ativismo gay quer dizer que a minha opinião sobre a união homoafetiva é crime. Nós chamam de fundamentalistas, mas eles são fundamentalistas do lixo moral, o ativismo gay é o fundamentalismo do lixo moral”, afirmou Malafaia. “Tentam comparar com racismo, mas raça é condição, não se pede para ser negro, moreno ou branco. Homossexualidade é comportamento. Ninguém nasce homossexual”, complementou.
Malafaia criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por terem “na caneta” aprovado a união civil entre pessoas do homossexual e obrigar cartórios a registrar o casamento gay. Criticou ainda o governo pela indicação de Luís Roberto Barroso para o STF por ele já ter defendido a legalização do aborto. Atacou ainda o PT destacando o julgamento do mensalão e sugerindo que a indicação de Barroso poderia ter como objetivo absolver os condenados. “O povo quer ver os mensaleiros na cadeia”, disse. Encerrou destacando ser o objetivo do evento mostrar a força dos evangélicos. “Esse nosso evento é um ensaio, um exercício de cidadania. Não somos cidadãos de segunda classe, vamos influenciar a nação”.
Um dos mais ovacionados pelo público foi o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da comissão de Direitos Humanos da Casa. Ele citou em seu discurso os ataques que sofreu desde que assumiu a comissão. “Depois de 90 dias no vale da sombra, das mortes, estou aqui para dizer que represento vocês”, disse Feliciano. Ele afirmou ainda que a “família” tem de vir antes do governo e da sociedade e concluiu seu pronunciamento dizendo esperar pela eleição de um presidente da República evangélico.
Outro tema que motivou protestos de vários dos convidados a discursar foi o projeto que criminaliza a homofobia, em tramitação no Congresso. O senador Magno Malta (PR-ES) afirmou que há um objetivo de criar uma “casta de homossexuais” e garantiu que a bancada evangélica não deixará essa proposta ser aprovada.
Apesar de o evento ter sido convocado como manifestação pacífica houve truculência no palco quando seguranças confundiram, no palco, a bandeira de uma igreja com a do movimento LGBT. O material era da Igreja Quadrangular e foi apreendido de forma brusca pelos seguranças que retiraram com força um pastor e outro integrante do grupo. Após ter sido esclarecido que os envolvidos na confusão eram evangélicos a entrada deles foi liberada, mas a organização confiscou a bandeira afirmando que o material não poderia ser exibido para não vincular o evento a nenhuma igreja específica.
 
Por Reinaldo Azevedo